Descubra como funcionam os clones do vinhedo dentro do panorama da produção vinícola mundial.
A clonagem é um termo que geralmente tem má fama, já que existe uma série de preconceitos conectados a esta ciência.
É quase vista como uma atividade clandestina, devido, principalmente, a aspectos éticos da manipulação genética e da clonagem de mamíferos.
Mas a clonagem dentro dos vegetais é uma prática ancestral que, como veremos no caso do vinhedo, nada tem a ver com a manipulação ou alteração genética.
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Trata-se somente de uma ferramenta que vem sendo utilizada há séculos para a propagação vegetativa.
Um clone é um organismo geneticamente idêntico a outro, cuja origem ou produção realiza-se a partir de outro ser vivo já existente.
Na agricultura, geralmente, os clones são obtidos pela multiplicação vegetativa de uma só planta, mediante estacas.
Portanto, um clone, na viticultura, é o material obtido por multiplicação vegetativa de uma única planta para que outras produzidas a partir dela tenham as mesmas características da primeira.
A planta progenitora e o clone são geneticamente idênticos.

O que nos concedes os clones na viticultura?
A obtenção de clones selecionados pretende conseguir melhorar a produção da uva para manter níveis de rendimento aceitáveis para os viticultores e aptidões enológicas melhores na elaboração de vinhos.
A seleção clonal também é uma garantia para o viticultor, já que as plantas clonadas e certificadas são comercializadas sem doenças.
Outro ponto importante a se levar em consideração é que o material clonado é mais homogêneo, o que permite regularizar as operações de cultivo, como a poda; os tratamentos ou a vindima.
Isso permite que as produções sejam mais parecidas e, portanto, mais regulares, o que possibilita ao viticultor estabelecer uma data mais precisa para a vindima.
Por fim, isso também permite obter uma uva mais próxima ao seu estado ótimo de maturação fenólica.
Com a clonagem, pode-se ter a sensação de que estamos perdendo diversidade e riqueza genética, mas são várias as razões que nos demonstram que isso não é verdade.
A primeira e mais importante é que a uva, mesmo procedente de uma clonagem, continua produzindo sementes viáveis, graças à sua reprodução sexual.
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Essas sementes dispõem de material genético sensivelmente diferente ao da planta-mãe e, portanto, abrem uma porta para a biodiversidade.
Se notarmos que um único cacho possui ao menos 40 grãos de uva (cada qual com 2 sementes), e que em uma só planta encontraremos não menos que 6 cachos, teremos, em qualquer vinhedo do mundo, um autêntico e vasto reservatório genético.
Outra razão de peso para não acreditar no risco de erosão genética, justifica-se pelo fato de que há séculos realiza-se a seleção clonal, conhecida como seleção massal.
Desde as origens do cultivo, são selecionadas estacas para serem plantadas posteriormente, segundo a vocação do vinhedo.
A seleção massal é feita há séculos, sem que haja erosão genética. O mais interessante na seleção clonal é que ela não está voltada unicamente ao objetivo produtivo, como acontecia no passado com a seleção massal.
Atualmente, a seleção clonal busca vinhedos com condições de cultivo melhores e que se adequem as seguintes condições:
- Adaptáveis às condições ambientais;
- Mais resistentes às pragas e enfermidades;
- Que diminuam a utilização de produtos fitossanitários;
- Que suportem melhor as condições de estresse hídrico;
- Que tenham condições enológicas, tanto de tipicidade como de qualidade.
Clones: seleção massal vs seleção clonal
Desde a origem do cultivo do vinhedo, sua multiplicação realizou-se indistintamente pela plantação da semente ou por estacas da planta-mãe.
Com a aparição da filoxera na Europa, a partir do século XIX, foi imposta a utilização de estacas enxertadas sobre outra planta, chamada “porta-enxerto”, “padrão” ou “pé”.
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Da união de ambos, crescerá como uma só planta. Portanto, o “porta-enxerto” proporciona as raízes, enquanto que o enxerto aporta o resto da planta.
Seleção MassalTrata-se da seleção de plantas diferentes dentro de um vinhedo, que mais tarde, serão enxertadas e plantadas em um novo. Geralmente, a seleção “massal” parte de uma prévia marcação no vinhedo de plantas que não são interessantes para o viticultor, já que nelas se observam doenças ou não se apresentam as características enológicas mais adequadas. Ao multiplicar a seleção “massal” correta, obtém-se um novo leque de características similares, porém de maior qualidade. Geneticamente, os indivíduos são diferentes e é por isso que há variabilidade no vinhedo. Quando se quer fazer vinhos de alta gama, esta variabilidade aumenta a complexidade dos vinhos. Mas a realidade é outra e, geralmente, o viticultor não tem as ferramentas corretas, baseando-se na intuição. A multiplicação leva à falta de homogeneidade na seleção, alto risco de transmissão de doenças e desvios produtivos consideráveis. Não devemos nos esquecer de que esta prática realizava-se no passado, com o único fim de selecionar vinhedos de máxima produção. Seleção ClonalOs clones têm fama de ser uniformizados e perder em tipicidade. No passado, buscavam-se nos clones, principalmente, aptidões mais quantitativas que qualitativas, motivo pelo qual eram acusados de falta de qualidade, complexidade e tipicidade. Porém, como toda ciência, houve evolução graças à interação entre o produtor, o enólogo e o viveirista – todos conscientes dos riscos existentes em uma estreita seleção de clones, que poderia padronizar a produção, em detrimento da complexidade dos vinhos. Hoje em dia, a seleção clonal busca localizar plantas com tipicidade e qualidade, que nos permitam elaborar vinhos melhores. O trabalho começa com uma prospecção do terreno E da amostra, marcando plantas que pareçam mais interessantes e estudando-as ali mesmo, onde estão. Primeiro, estudam-se sua atitudes agronômicas: brotação, fertilidade, vigor, produtividade e composição do mosto. Uma vez que se obtém uma amostra suficiente, são estudadas as atitudes enológicas, mediante a realização de microvinificações, análise de parâmetros básicos nos vinhos e análise sensorial, que serão os verdadeiros juízes na hora de selecionar os clones, que finalmente serão multiplicados no viveiro. A seleção clonal é uma prática geral na nossa viticultura, que busca garantir a autenticidade e a pureza varietal nos vinhedos, e não uniformizar ou globalizar a viticultura. Há grande diversidade de clones de distintos varietais cultivados por todo o mundo, por isso o viticultor e o enólogo são os que realmente devem buscar aqueles clones que se adaptam às condições de cultivo e seus vinhos. Não vamos responsabilizar a ciência ou os viveiristas pela perda de tipicidade e de padronização de vinhedos. Devemos utilizar as ferramentas ao nosso alcance. Vamos prestar atenção a todos os aspectos que condicionam a viticultura. Texto: Alberto Pedrajo Pérez |
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