Na Turquia, país de maioria religiosa muçulmana. O cultivo
da uva ocupa uma superfície agrícola importante.
O vinhedo é destinado principalmente para produção de suco, uvas frescas e uvas passas. Somente uma pequena parte dele é utilizada na elaboração de vinho para a exportação e turismo.
Curiosamente, a Turquia é o quarto país do mundo em superfície de vinhedo, com mais de meio milhão de hectares. Ficando abaixo apenas da Espanha, Itália e França.
O país foi o berço de muitas civilizações devido a sua localização estratégica entre o continente europeu e asiático – uma porta entre o oriente e o ocidente.
Não é de se estranhar que existam tantos sítios arqueológicos indicando que a elaboração do vinho pode ter sua origem neste extenso país há mais de sete mil anos.
Nestas terras, a elaboração do vinho está cheia de lendas, mas há uma que merece destaque.
Ela vincula a região ao descobrimento dos primeiros vinhedos silvestres, após o dilúvio universal. Reza a lenda que a cabra foi um dos primeiros animais a desembarcar da Arca de Noé.
Conduzido pela cabra, Noé foi levado até as uvas silvestres que cresciam no sopé do monte Ararat, ao leste de Anatólia.
Segundo a lenda, com essas uvas, Noé fez o primeiro vinho história. Além das lendas locais, a verdade é que vários autores defendem que foi no sopé do monte Ararat onde possivelmente a bebida teve origem.
Mas o privilégio de ser o berço da vitivinicultura mundial não é um orgulho exclusivo da Turquia.
Outros países como a Geórgia, Armênia, Irã e Iraque disputam a origem do cultivo do vinhedo e da elaboração do primeiro vinho da história, já que nessas regiões também existem muitos sítios arqueológicos onde se encontram potes com restos de vinho.
O que está provado é que a origem da videira situa-se na Ásia Menor.
Os primeiros rastros da viticultura e da enologia na Turquia datam de sete mil anos. O vinho teve um papel indispensável na vida social das civilizações mais antigas de Anatólia, península asiática da Turquia.
Ele era um elemento indispensável nas cerimônias e rituais de povos como os hatis e hititas, que ofereciam a bebida aos deuses e mandatários, convertendo-o em um símbolo cultural.A admiração pela uva e pelo vinho os levou a criarem leis para proteger o cultivo da uva e a elaboração da bebida.
Esses povos foram provavelmente os primeiros na história a celebrarem as colheitas, dada a relevância que o vinho possuía.
Mas a vitivinicultura turca foi como uma montanha-russa ao longo de sua história. Durante o Império Bizantino, aproximadamente mil anos, Constantinopla (antigo nome da capital do império, atual Istambul), situada estrategicamente entre o Oriente e o Ocidente, era o enclave comercial mais importante da região.
Naquele período, o vinho era uma mercadoria relevante para a economia da capital do Império Bizantino, e impulsionou o momento de maior expansão do cultivo do vinhedo e de sua elaboração.
Posteriormente, já no Império Otomano; o cultivo quase desapareceu, graças às contínuas regulamentações e proibições de cunho religioso, até que, em 1925, o próprio Kemal Atatürk, presidente da República da Turquia, fundou a primeira bodega.
Atualmente, com um mercado interno de pequenas dimensões e uma produção embasada em práticas tradicionais, a qualidade do vinho turco tem sido questionada.
Mas como ocorre em outros países e regiões; existe uma crescente demanda internacional de vinhos que vem impulsionando os produtores para usufruir desta oportunidade de negócio.
As bodegas estão se modernizando. E o vinhedo sofreu uma reestruturação em busca da melhoria de seus vinhos.
E como gostamos de sempre apresentar vinhos singulares e interessantes para os nossos associados, apresentamos dois vinhos de variedades indígenas da Turquia, Magnesia 2013 Kalecik Karasi e Magnesia 2013 Öküzgözü.
Texto: Alberto Pedrajo