Antonin Carême, o pai da alta gastronomia francesa, sempre quis ser arquiteto. Só que não. Inventou a engenhosa cestinha de massa folhada (o “vol au vent”), erigiu confeitos barrocos, criou monumentos da antiguidade clássica em açúcar, realizou-se na arte escultórica culinária. Isso, no século XVIII.
Apesar do estado efêmero das comidas, elas podem agregar sensações intensas, múltiplas e pessoais à função de nutrir. Arte e gastronomia juntas, os cinco sentidos à flor da pele e na ponta da língua.
O sorocabano Gabriel L. Andriolo, que comanda uma confeitaria de São Paulo, sempre carregava consigo suas massinhas de modelar na infância. Hoje, transforma a sobremesa em centro das atenções de qualquer mesa.
O refinamento parece ainda mais acentuado quando temos um chef que é artista plástico, que enxerga a cozinha como um atelier forrado de ferramentas: Washington Silvera, filho de marceneiro, é focado em desconstruir alimentos, dar a eles um visual inédito e estimulante.
Por exemplo, faz um sabonete comestível, na verdade uma bavaroise de cupuaçu e coco com espuma de limão. Um banho de criatividade num mundo de sabores.