O início da primavera coincide com a época de maior risco de geadas.
Os viticultores observam as condições ambientais e o risco elevado de geadas que podem provocar grandes danos aos brotos tenros da videira.
Este ano, infelizmente, a primavera mostrou seu lado mais cruel aos vinhedos do Hemisfério Norte.
Nas últimas semanas de abril, as geadas primaveris devastaram os vinhedos de praticamente toda a Europa, provocando danos em quase todas as regiões e com amplas áreas afetadas totalmente.
O fenômeno da geada acontece quando a temperatura do ar no nível do solo desce a menos de zero grau centígrados. Nesse momento, começa o processo de congelamento dos tecidos da planta.
Após o repouso invernal, a planta começa a se mobilizar para provocar a brotação e começar o desenvolvimento vegetativo do vinhedo.
É precisamente nesses primeiros estágios de crescimento, quando a planta está em pleno desenvolvimento exponencial, que o risco da geada é mais alto.
E por isso a planta está exposta.
Os órgãos afetados pelas geadas são as gemas que darão lugar aos cachos. Por isso o efeito da geada é devastador, acabando com a produção.
Geralmente a vida da planta não corre risco, graças à quantidade de gemas que brotarão mais tarde; ainda assim, a probabilidade de frutos dessas gemas é muito baixa.
Após a geada, os danos são visíveis de forma clara em um ou dois dias.
Quando esses brotos começam a apresentar um aspecto pardo, como se estivessem queimados, devido ao congelamento da água na célula; e ao descongelar rapidamente, a água sai das células deixando-as desidratadas e provocando esse aspecto de queimadura que leva à morte dos tecidos.
As geadas podem ser de 3 tipos
GEADAS BRANCAS
Acontecem quando há uma importante queda na temperatura e a umidade ambiente é alta.
Isso faz com que a planta cubra-se da geada; formando uma capa esbranquiçada na superfície.
Por isso se denominam geadas brancas.
Este tipo de geada não é especialmente daninha para o vinhedo.
GEADAS PRETAS
Seus efeitos são muito daninhos.
Não aparece a camada branca devido à baixa umidade do ambiente; não se forma a condensação pelo ar seco.
Por isso não há capa de gelo sobre as plantas e o frio seco incide diretamente na estrutura vascular de cada planta, destruindo o tecido interno e aportando a cor escura, parda, que precede a destruição dos órgãos afetados.
GEADAS POR ADVECÇÃO
Esse tipo de geada vai se formando pela entrada de grandes massas de ar frio, muito espessas.
Podem chegar a ter dois quilômetros.
Entre as peculiaridades está a inexistência de inversão térmica, que se produz quando as temperaturas vão diminuindo à medida que aumenta a altitude.
Costumam ser geradas por ventos com velocidades superiores a 15-20 quilômetros por hora, tratando-se de geadas com grande poder de destruição para os vinhedos e cultivos em geral.
Texto: Alberto Pedrajo
Tradução: Paula Taibo