Consumir alimentos orgânicos está na moda. Só em 2016, em plena recessão, o consumo de alimentos desse tipo cresceu 20%, de acordo com o Conselho Nacional da Produção Orgânica e Sustentável (Organis).
Ano a ano, multiplicam-se produtores e mercados especializados em alimentos orgânicos, na mesma proporção em que crescem as dúvidas: “os orgânicos são mesmo mais saudáveis?”.
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Acerca disso, pesquisadores do mundo inteiro dissecam frutas, legumes e vegetais em busca de um consenso, que parece cada vez mais distante.
Quais são os fatores que afetam a qualidade dos orgânicos?
De acordo com Mariana Sala, nutricionista clínica, não há uma resposta simples para essa pergunta. “Existem muitos fatores que afetam o conteúdo nutricional dos alimentos. Podemos citar, por exemplo, a qualidade e o manejo do solo, a variedade de sementes e a época em que foram plantadas, e a temperatura e quantidade de luz que o alimento recebeu durante seu crescimento”, o que impossibilita que se bata o martelo nessa questão.

Porém, já é possível afirmar, como demonstrou um estudo da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, que a quantidade de antioxidantes nos alimentos produzidos organicamente é maior que nos convencionais.
Sobre isso, Mariana afirma: “alguns fitoquímicos (como os antioxidantes) tendem a estar em concentração mais elevada nos alimentos de cultura orgânica. Essas substâncias podem afetar diversas propriedades dos alimentos, como o sabor”.
Qual é o papel dos antioxidantes dos orgânicos?
Quando ingeridos, os antioxidantes têm a função de proteger as células do corpo humano contra os danos causados por radicais livres, retardando o envelhecimento e prevenindo doenças – sendo alguns tipos de tumores os mais citados em estudos científicos.
A chef do restaurante Banana Verde, Priscilla Herrera, comenta que “o alimento orgânico é normalmente menor por não ter adubos químicos que influenciam sinteticamente seu crescimento. Por consequência, tem menos água e mais sabor, já que suas propriedades ficam concentradas em um espaço menor”.
Por conta disso, Priscilla enfatiza a diferença dos pratos preparados com ingredientes orgânicos e convencionais. “Os agrotóxicos e produtos químicos usados na produção dos alimentos não orgânicos causam alterações principalmente no aroma (as cascas de frutas, por exemplo, ficam encharcadas de agrotóxicos e perdem seu cheiro) e no sabor”, explica.
Por que os alimentos orgânicos duram mais?
Já no que diz respeito à durabilidade de frutas, legumes e verduras orgânicas, Mariana afirma que o fato de terem menos água em sua composição faz com que as bactérias proliferem numa velocidade menor, garantindo maior durabilidade.
Os prejuízos causados pelos pesticidas químicos vão além da nocividade à saúde. De acordo com a nutricionista, quando é feita a aplicação de um pesticida, não apenas a praga a ser combatida é eliminada, como também toda a cadeia alimentar que circunda a produção do alimento, como os predadores naturais da praga em questão, o que gera desequilíbrio.
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É por isso que, para ela, o alimento orgânico, de origem familiar, vai ao encontro da promoção de saúde em seu sentido mais amplo, uma vez que atua nos aspectos sociais e de ecossistema, integrando as partes e gerando um bem-estar maior, sendo a obtenção de alimentos mais equilibrados quase uma consequência desse modo de produção.
Como é o consumo de orgânicos no Brasil?
Porém, vale ressaltar que, no Brasil, consumir alimentos orgânicos ainda é privilégio.
Os preços costumam estar bem acima dos produtos convencionais, o que acaba dificultando a substituição de um por outro.
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Desta forma, Mariana recomenda que a troca seja gradual, começando pelos alimentos mais consumidos no dia a dia, aqueles que costumam ser consumidos crus e, especialmente, os que se enquadram entre os de maior concentração de agrotóxicos.
Tabela de alimentos com maior percentual de amostras inadequadas para consumo:
1. Pimentão – 91,8%
2. Morango – 63,4%
3. Pepino – 57,4%
4. Alface – 54,2%
5. Cenoura 49,6%
6. Abacaxi – 32,8%
7. Beterraba – 32,6%
8. Couve – 31,9%
9. Mamão – 30,4%
10. Tomate – 16,3%
11. Laranja – 12,2%
12. Maçã – 8,9%
13. Arroz – 7,4%
14. Feijão – 6,5%
15. Repolho – 6,3%
16. Manga – 4%
17. Cebola – 3,1%
18. Batata – 0%
Texto: Ana Carolina de Carvalho Almeida
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