/Por Daniel Salles
Sumário:
- Introdução – A vez dos veganos
- Vinhos Veganos – Solução engarrafada
- E os Vinhos Naturais, Orgânicos e Biodinâmicos?
- Vinhos veganos disponíveis na Sociedade da Mesa
Introdução – A vez dos veganos
A melhor região para um vegano morar é o Reino Unido.
De acordo com a Vegan Society, entidade que milita pela dieta que veta qualquer alimento de origem animal, o número de adeptos por lá quadruplicou na última década.
Hoje são 600 mil pessoas, ou 1,16% da população britânica.
Sediada em Birmingham, no norte da Inglaterra, a organização afirma ainda que a demanda por produtos veganos na região cresceu 987% em 2017, e a nação é a que mais lançou itens voltados para essa turma.
Em Londres, bons restaurantes para quem é adepto da dieta restritiva já não se contam mais nos dedos.
Em East London, o Temple of Hackney arrebanha multidões com hambúrgueres com carne de glúten e fritas com queijo vegano.
Na mesma área, o CookDaily cativa sua clientela com bowls recheados, por exemplo, com legumes salteados com alho, ervas de Provence, manteiga vegana, azeite de trufas brancas e arroz marrom. O problema é encontrar um vinho para harmonizar.
Vinhos Veganos – Solução engarrafada
Pouca gente sabe, mas alguns produtores de vinho usam ingredientes como a caseína, uma proteína do leite, e a albumina, proveniente do ovo, para facilitar a remoção de sedimentos durante a filtragem.
Tudo é retirado antes do engarrafamento, mas para veganos mais ortodoxos não tem conversa.
Também há produtores que utilizam rolhas aglomeradas feitas de cola derivada do leite e cera de abelha para selar as garrafas.
A bem da verdade, inúmeras vinícolas podem se autointitular como veganas.
Você só não vai ficar sabendo se são de fato ou não – não se exige a descrição nos rótulos dos agentes usados no processo de refinamento.
Alguns produtores, no entanto, passaram a escrever “vegan” ou “vegan
friendly” em suas garrafas.
É o caso da vinícola inglesa Denbies Wine Estate e da italiana Vietti, da região do Piemonte, cujo Barolo Rocche di Castiglione chega a custar 1.300 reais no Brasil.
Na dúvida, consulte o site barnivore.com, que lista milhares de produtores que seguem os preceitos veganos, inclusive os que não apontam isso nos rótulos.
Do Brasil, duas vinícolas constam na plataforma: a Casa Perini e a Casa Valduga.
“Todos os nossos rótulos são elaborados sem uso de qualquer tipo de coadjuvante de origem animal, incluindo o Licoroso Tinto 1875”, informa essa última.
A diferença de posicionamento dos Vinhos Naturais, Orgânicos e Biodinâmicos?
Os vinhos sem nada de origem animal despontam um pouco depois dos naturais, dos orgânicos e dos biodinâmicos.
Os três últimos tipos, que passaram a fazer enorme sucesso de uns anos para cá, deram origem a uma nova classe de consumidor: a que não aceita tomar mais nenhum outro rótulo que não seja esse.
“Muita gente passou a só beber esses vinhos e a aceitar qualquer um só porque é natural, orgânico ou biodinâmico”, diz Manoel Beato, sommelier do restaurante Fasano, em São Paulo.
Os naturais são produzidos com o mínimo possível de interferência. Estão vetados a clarificação, o controle de temperatura e o uso de herbicidas e demais aditivos químicos.
Não há uma certificação para eles, mas existem, para os orgânicos, aqueles que proíbem o uso de inseticidas e fungicidas.
As regras variam de país para país e, em geral, banem o uso de sulfito, que combate a oxidação e favorece o transporte da bebida para lugares distantes.
Nos Estados Unidos, um vinho só pode ser chamado de orgânico se a concentração da substância for de até dez partes por milhão. Ela também pode aparecer naturalmente, no entanto, pois está presente no solo e na água.
Produzidos de acordo com os preceitos do filósofo Rudolf Steiner, fundador da pedagogia Waldorf e da antroposofia, os biodinâmicos ostentam o selo da associação Demeter.
Atesta que o vinhedo, na hora do plantio e da colheita, leva em conta as fases da lua e as estações do ano – e põe em prática a rotação de culturas, o que diminui o desgaste do solo. Uma concentração de sulfito de até 100 partes por milhão é permitida.
Outra certificadora é a Biodyvin, à qual se associaram as vinícolas francesas Domaine de la Romanée-Conti e Domaine Leflaive.
Convém frisar que, da mesma forma que muito produtor é vegano sem que ninguém saiba, inúmeros outros seguem os mandamentos orgânicos e biodinâmicos à risca. Só não dão bola para os selos.