/Por Cristina Bielecki
Fazer uma harmonização é realizar o casamento perfeito entre comida e bebida. A combinação mais clássica dita que tintos vão bem com carnes e brancos, com tudo o que é do mar.
Mas estamos aqui para quebrar paradigmas e mostrar que, no mundo do vinho, podemos fugir de regras. A prova: encontramos duetos ousados para uma ótima surpresa à mesa.
LAGOSTIM (foto em destaque) + TINTO ESTRUTURADO
Especializado na preparação de frutos do mar preparados na grelha ou no forno a carvão, um dos destaques do novo cardápio do restaurante CÔL é o nhoque de batata com queijo de cabra acompanhado de lagostins grelhados e farofa de castanhas.
A sugestão de harmonização é com o tinto argentino Felino Cabernet, mais estruturado, ideal para quebrar a acidez do prato, segundo a equipe do restaurante.
R. Manuel Guedes, 369 Itaim Bibi | São Paulo
FEIJOADA DE FRUTOS DO MAR + ROSÉ

Na Taberna 474, bar inspirado nas tascas de Lisboa, o cardápio oferece pratos da cozinha tradicional lusitana, mas tem um pé em nosso litoral e mescla receitas brasileiras.
Como a feijoada de frutos do mar, feita de feijão-branco, camarão, lula, polvo, peixe branco e mexilhão. O sommelier Júlio Silva indica o espumante rosado Filipa Pato 3B, produzido na região da Bairrada, em Portugal. “Devido à boa acidez e à estrutura das castas baga e bical, essa combinação fica muito prazerosa”, diz Silva.
Para esse mesmo prato, um tinto também é outra escolha ousada do sommelier, que arrisca no Quinta da Pôpa Touriga Nacional 2012, da região do Douro, Portugal. “Esse é um vinho com certa idade e traz uma riqueza de aromas”, explica.
R. Maria Carolina, 474 Jardim Paulistano | São Paulo
CAMARÃO + VINHO LARANJA

Liderado pela chef Bella Masano, o restaurante Amadeus serve há 30 anos o prato Frisson no Negro – camarões gigantes flambados no conhaque com alho-poró, servidos com arroz negro.
A harmonização, feita pelo patriarca Tadeu Masano, é com um rótulo da região do Jura, na França: o Savagnin Amphore, da vinícola Domaine Tissot, um vinho laranja produzido em ânforas.
“Essa receita com curry exala aromas e sabores múltiplos e pede um vinho marcante, como esse, que no nariz possui notas de frutas secas e no paladar tem toques minerais e grande persistência. Um vinho gastronômico”, finaliza Masano.
R. Haddock Lobo, 807 Cerqueira César | São Paulo
BACALHAU + TINTO ENCORPADO

Na receita de bacalhau à Narciso, do restaurante Rancho Português, as robustas e suculentas postas são assadas na brasa e finalizadas na frigideira com azeite com alho, cebola, salsinha e pimentão.
Para esse clássico lusitano, o sommelier Leandro Bernardo Silveira Melo escolheu fazer a harmonização com o tinto Terra dos Alves Reserva, produzido na região portuguesa do Douro, a partir de castas típicas como tinta roriz, touriga nacional e touriga franca.
“O bacalhau é um peixe bastante fibroso, com sabor forte, e os acompanhamentos e temperos são marcantes”, explica. O vinho faz jus ao prato e dá o equilíbrio. “Ele consegue cortar a gordura da receita e promover um casamento perfeito entre ambos.”
SARDINHAS + ESPUMANTE

Tradicional prato da culinária portuguesa, as sardinhas grelhadas do restaurante Rancho Português vêm acompanhadas de batatas ao murro. Para harmonizar, Leandro Bernardo Silveira Melo escolheu o rótulo Danúbio Bruto Branco, produzido pela Caves Aliança na região da Bairrada, em Portugal, com as uvas arinto, cercial, maria gomes e baga.
“É uma combinação muito diferente, porém certa por causa da acidez e do sabor fresco e leve que o espumante tem. Isso realça o paladar das sardinhas, fazendo uma harmonização fina – sem que a bebida, em nenhum momento, se sobressaia ao prato”, diz.
Av. dos Bandeirantes, 1051 Vila Olímpia | São Paulo e R. Maria Quitéria, 136 Ipanema | Rio de Janeiro
MOQUECA + TINTO LEVE

Essa é a aposta certa do proprietário e sommelier Rafael Dalmo para o tradicional prato do restaurante Dalmo Bárbaro, especializado em cozinha caiçara há mais de 50 anos. A escolha para a harmonização é o chileno Tabali Pedregoso Pinot Noir Reserva – a receita, além de temperos mais fortes, é à base de molho de tomate com leite de coco e azeite de dendê.
“Esse pinot noir é um tinto leve, e vai muito bem com essa moqueca, assim como um branco mais encorpado”, diz. Para esse último tipo, a sugestão é o californiano Sutterhome Chardonnay, um branco que traz um toque amanteigado e um pouco de madeira.
R. Gironda, 188 Jardim Paulista | São Paulo e Av. Miguel Stefano, 4751 Enseada | Guarujá (SP)