/Por Ana Beatriz Miranda
Vinho suave e vinho soave são a mesma coisa? Não! A mera troca de vogais aqui faz toda a diferença. Vinho suave é um termo que desperta controvérsias no mundo da nossa bebida favorita. Trata-se de uma classificação quanto ao açúcar residual.
Segundo a legislação brasileira, o vinho suave (ou doce) deve ter ao menos 25 gramas de açúcar por litro e no máximo 80. A polêmica é por causa da má fama que alguns exemplares ganharam por causa do desequilíbrio e pobreza de aromas e sabores. Mas é claro que há rótulos doces de excelência e renome, como os nobres — e caros — Sauternes e Tokaji.
E vinho soave?
Soave é uma região da Itália, mais especificamente do Vêneto, na província de Verona. É uma denominação de origem cujos vinhedos se tornaram patrimônio rural do país, dada sua importância econômica e cultural.
Ao contrário do que a semelhança com o nome suave em português, o vinho soave é seco. O nome soave é uma referência a “suevos”, um povo bárbaro que viveu na Itália no século 1 a.C. e cultivava videiras.
Uvas, estilos e harmonização
O vinho soave é elaborado principalmente com a uva Garganega, mas a denominação também permite o uso de outras brancas, com destaque para a Trebbiano, chamada na região de Trebbiano di Soave.
A Garganega é uma branca exuberante, embora seus aromas sejam delicados, realçando amêndoas e flores brancas. A Trebbiano traz um toque picante e vivaz ao soave. De forma geral, os aromas que mais aparecem são de pêssego, melão, raspas de laranja, manjerona doce e nuances salinas.
São dois os estilos elaborados: um mais simples, para o dia a dia. E outro mais complexo. O primeiro é um branco leve, que passa um tempo em tanques de inox e lembra rótulos de Sauvignon Blanc e Pinot Grigio.
O último é rico e mais estruturado, envelhecido em barricas de carvalho, com aromas de marmelada, limão, mel e semente de funcho. Existe também o espumante soave, mais difundido no mercado interno italiano, superinteressante e moderno.
Todos os estilos de soave são bem secos e combinam perfeitamente com a gastronomia italiana à base de frutos do mar, de risotos a massas, passando por receitas mais leves. O importante é se atentar aos ingredientes e equiparar o vinho ao peso da receita, para que um não se sobreponha ao outro.